quinta-feira, 13 de abril de 2017

Ciro Gomes: "Estar fora da lista não é mais do que minha obrigação"

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Pré-­candidato do PDT à Presidência da República e um dos poucos presidenciáveis a não constar da lista de políticos que serão investigados com base nas delações da Odebrecht, o ex-governador Ciro Gomes afirmou que o mais importante não é o fato dele estar fora da lista de investigados, mas as ideias que pode apresentar para tirar o país da crise econômica.

"Não considero isso [estar fora da lista] mais que minha obrigação, honestamente", afirmou nesta quarta­-feira (12) ao Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor.

Gomes disse que a corrupção é um câncer, mas não é o principal problema do país. E defendeu que é preciso tratar de forma diferente os acusados de receber doações e os que efetivamente praticaram atos de corrupção, como venda de facilidades para a empresa.

 "O que estou vendo é coisa mais grave. Mistura de alhos com bugalhos", afirmou, quando questionado se a lista o colocava como principal candidato de esquerda, já que o ex-­presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é alvo de cinco pedidos de inquéritos relacionados à Odebrecht e o ex-­prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) é investigado por doação da empreiteira para sua campanha.

Para Ciro, misturar a acusação contra o presidente do Senado, Eunicio Oliveira (PMDB-­CE), acusado de negociar vantagens para a empreiteira numa medida provisória, com doações de campanha de R$ 50 mil "vulgarizam" e "não me parecem rigorosamente ser a mesma coisa".

"Ambos (são) ilícitos, ambos descabidos, ambos puníveis, mas a gradação da pena e, portanto, da exasperação popular, não pode ser a mesma", defendeu.

"Na medida em que você generaliza, o que você está produzindo é a impunidade." O presidenciável participou nesta quarta-­feira de ato de filiação da senadora Ângela Portela (RR), ex-­PT, ao PDT. Ela é candidata à reeleição.

 Dosimetria
Para Ciro Gomes, é preciso estabelecer a “dosimetria” para a punição, para quem cometeu atos de corrupção e quem recebeu doações de campanha, por caixa um ou dois.

“Ambos são ilícitos, temos clareza absoluta. Não estou na linha do Fernando Henrique [Cardoso]. Agora, a dosimetria da pena não pode ser igual ou você começa a construir a impunidade”, afirmou Gomes.

 “O Fernando Henrique, agora está se percebendo, estava falando em defesa própria”, disse, em referência à nota do ex­-presidente defendendo tratamento diferenciado. O tucano é um dos alvos dos pedidos de abertura de inquérito por suposto caixa dois nas campanhas de 1994 e 1998.

Na avaliação de Gomes, o pior dos mundos será a imprensa incitar a opinião pública a tratar os dois casos como iguais. “A opinião pública, zangada, começará a ter a sensação desagradável que é tudo igual. Isso destrói a democracia e a impunidade será o prêmio de todos, pela letargia do Judiciário do Brasil”, disse.

Para o presidenciável, o caixa dois é ilícito e merece uma “multa, uma pena”, mas não pode ser tratado pela imprensa da mesma forma como o caso do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB­-CE), seu adversário local. “Ele achacou, segurou uma medida provisória e disse que só liberava se recebesse R$ 2 milhões, e agora vem dizer no Ceará que está sendo perseguido por fazer o bem para os pobres”, disse.

Ciro criticou os “moralistas de goela” que apontam o dedo para os outros dizendo que todos estão errados e só eles certos. “Como pode o Aécio, acusado do jeito que está, denunciar a Dilma [Rousseff] pelas mesmas coisas que ele fez, com a mesma interlocução, com a Odebrecht? Peraí”, afirmou.

Para Ciro, estão nessa mesma categoria de “moralistas de goela” outros possíveis adversários seus na campanha presidencial de 2018, como a ex-senadora Marina Silva (Rede) e o deputado Jair Bolsonaro (PSC-­RJ), além de muitos parlamentares e integrantes do Ministério Público.

Por Raphael Di Cunto | Valor Econômico
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