Organização criminosa foi desarticulada pela
Polícia Federal, com apoio da Interpol. Durante a Operação Marguerita, 15
pessoas foram presas. Grupo atuava no País desde 2010
Desde 2010, pelo menos 150 pessoas foram vítimas de
uma organização criminosa internacional, especializada no tráfico de pessoas
para fins de exploração sexual, no Ceará. O grupo foi desarticulado na manhã de
ontem, durante a Operação Marguerita, realizada pela Polícia Federal (PF) no
Brasil, na Itália e na Eslovênia, de forma simultânea. Parte das vítimas foi
resgatada de boates na Europa. No total, 15 pessoas foram presas, entre
cearenses e europeus.
A operação contou com o apoio da Organização
Internacional de Polícia Criminal (Interpol) e de agentes da PF em Roma,
responsáveis por libertar as vítimas. Até o fechamento desta matéria, a
quantidade de pessoas resgatadas não havia sido divulgada. Foi informado,
porém, que todas são mulheres e algumas estavam sendo trazidas de volta ao
Brasil.
Foram cumpridos 13 mandados de prisão preventiva,
dois de prisão temporária, 13 de busca e apreensão e 18 de condução coercitiva,
nos estados do Ceará, Bahia, Minas Gerais e São Paulo, além dos dois países
europeus. Os despachos foram expedidos pela 32ª Vara da Justiça Federal no
Ceará.
Entre os 15 presos, cinco são europeus e dez são
cearenses. Com exceção das prisões de três brasileiras na Itália, que atuavam
como aliciadoras do grupo, as 12 demais pessoas foram localizadas em Fortaleza.
Sete são cearenses e cinco são estrangeiros (três eslovenos e dois italianos).
Todos foram levados para a carceragem da PF, no bairro Aeroporto.
Agências de viagem
Os nomes dos presos não foram divulgados. O POVO
apurou, porém, que um dos alvos foi o empresário italiano Marco Paolo Vila, da
agência Fortaleza Viagens, localizada no Meireles. Ele seria um dos
facilitadores do esquema. O POVO entrou em contato com a empresa para ouvir
algum responsável. Os funcionários, porém, afirmaram que não tinham autorização
para dar qualquer informação.
Proprietários e funcionários de outras agências de
viagem também foram alvos da PF. Conforme a delegada Juliana Pacheco,
coordenadora da operação, era por meio dessas empresas que a quadrilha de
aliciadores costumava agir. “Eles realizavam o recrutamento, transporte,
ficavam responsáveis pelas viagens para o exterior, acolhimento, alojamento e
exploração sexual das vítimas nos países de destino”, diz.
Conforme a delegada, que é titular da Delegacia de
Defesa Institucional (Delinst), por ano, cerca de 25 pessoas eram traficadas
para a Europa. Todas eram aliciadas no Brasil e levadas para a Europa a partir
de Fortaleza.
Os presos foram indiciados por crime de tráfico
internacional de pessoas para fins de exploração sexual, associação criminosa e
lavagem de dinheiro. A pena prevista pode alcançar 25 anos de reclusão.
Saiba mais
A operação contou com 92 policiais federais no
Brasil e com a participação de autoridades policiais da Itália e Eslovênia.
A ação foi batizada Marguerita em alusão ao nome da
principal boate para onde as vitimas eram levadas, na Eslovênia. As investigações
da PF começaram em 2013, após denúncias. Foram ouvidas 22 testemunhas, que já
haviam sido vítimas do grupo. A boate foi fechada em 2014 após uma operação
local.
O crime de tráfico internacional de pessoas com a
finalidade de exploração sexual é uma grave violação dos direitos humanos
devido à situação de vulnerabilidade das vítimas, que são iludidas, mediante
fraudes e levadas para o exterior.
THIAGO PAIVA
Fonte: O Povo