A taxa de juros do rotativo do cartão de crédito
chegou ao recorde de 482,1% ao ano, em novembro. O Banco Central (BC) informa
que a taxa subiu 6,3 pontos percentuais em relação a outubro e foi a maior da
série histórica iniciada em março de 2011. Para aliviar essa taxa exorbitante,
um dos principais empecilhos para que as famílias reduzam o endividamento, o
Governo vai, a partir de 2017, limitar a permanência do cliente no rotativo do
cartão de crédito por 30 dias, com parcelamento automático da dívida. É como
sair de uma taxa de 482,1%, incidente sobre o rotativo, para 155%, referente ao
parcelado.
Especialistas afirmam que a medida ajuda, mas não
resolve. Entendem que para baixar os juros do cartão, o Governo precisa fazer
mais. Entre outras ações o economista, professor e conselheiro do Conselho
Federal de Economia (Cofecon), José Luiz Pagnussat, cita a queda da taxa básica
de juros e o afrouxamento monetário via oferta de moeda e crédito.
O consultor Financeiro Pessoal, Kleber Rebouças,
destaca que o parcelamento automático do crédito rotativo, como anunciado,
ameniza, mas não resolve a questão do endividamento com cartão de crédito.
Explica que mesmo com o parcelamento da forma proposta, o juro cobrado para
financiamento via cartão de crédito ainda será o mais alto do mercado.
“Não tem segredo. A solução para qualquer
endividamento é gastar menos do que se ganha”, comenta Kleber, acrescentando
que se o cidadão já está endividado, ele pode analisar o uso de outras formas
de dívida, com um Custo Efetivo Total mais barato para quitar a mais cara. “Mas
não vale se endividar novamente na modalidade anterior porque, a situação pode
ficar insustentável”.
Na opinião do consultor financeiro, entre as
medidas anunciadas a que mais trará benefício ao cidadão é a permissão para que
o lojista cobre mais barato em caso de pagamentos em dinheiro. “A lógica é
simples: financiar o consumo tem um custo. Comprar com cartão é uma forma de
financiamento do consumo”, explica.
Adianta que se for exigido que o lojista cobre o
mesmo preço para as duas modalidades, compra no cartão e à vista em espécie,
fica claro que quem paga em espécie será prejudicado porque ao invés de reduzir
o preço da venda no cartão para o preço à vista o lojista fará o movimento
inverso.
A limitação de 30 dias no rotativo foi anunciada na
última quinta-feira. Mas a medida ainda será implementada e poderá reduzir pela
metade a taxa de juros do cartão de crédito, a partir do fim do primeiro
trimestre de 2017, segundo previsão do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio
Maciel, disse que é preciso aguardar uma melhor definição das medidas para
avaliar o feito na redução dos juros. “A expectativa é que as medidas tragam
maior racionalização do uso do cartão de crédito e com isso redução de custos”.
Saiba mais
O Governo Federal anunciou na última quinta-feira,
medidas para tentar uma reação da economia à recessão. Antecipou a liberação
dos saques do FGTS para cerca de 10 milhões de pessoas, prometeu a redução dos
juros do cartão - ambas com efeito em 2017 - e prorrogou por mais um ano o
Programa de Proteção ao Emprego (PPE), renomeado para Programa Seguro-Emprego
(PSE).
Também anunciou o envio ao Congresso, no ano que
vem, de uma reforma mais ampla das regras trabalhistas.
Pela proposta do Governo, as instituições
financeiras poderão oferecer um prazo máximo de 30 dias no pagamento rotativo
do cartão de crédito, transformando a operação automaticamente em crédito
parcelado.
Em relação ao cartão de crédito já haviam sido anunciadas
outras ações no pacote de medidas microeconômicas.
Entre elas, está a de permitir a diferenciação de
preço entre os diferentes tipos de meios de pagamento.
Fonte:
O Povo