Dados são do Comitê pela
Prevenção de Homicídios na Adolescência.
6 cidades pesquisadas
tiveram índice de abandono escolar maior que 60%.
O Comitê Cearense pela
Prevenção de Homicídios na Adolescência, apresentado nesta quarta-feira (14),
mostrou que o abandono escolar é um dos principais fatores de vulnerabilidade
entre os adolescentes assassinados. Dos sete municípios cearenses pesquisados,
seis apresentaram percentuais acima de 60% de abandono escolar há, pelo menos,
seis meses antes das mortes, entre os jovens de 10 a 19 anos. Na capital, 73%
dos jovens mortos não estudavam.
O município de Horizonte,
na Região Metropolitana de Fortaleza, registrou 89% dos adolescentes mortos
estavam fora do colégio. O menor índice entre as cidades pesquisadas foi
Sobral, que registrou 44% de abandono entre os adolescentes mortos.
Diante deste cenário, o
Comitê pela Prevenção de Homicídios na Adolescência elaborou uma série de
recomendações aos órgãos públicos e à sociedade em geral. Dentre as ações, o
comitê pede que a Secretaria da Educação Básica e as Secretarias Municipais de
Educação monitore a frequência escolar e realize busca de alunos que estão fora
da escola.
“A resposta ao abandono
escolar, engajando os profissionais do sistema educacional, deve fazer parte da
estratégia de prevenção de homicídios de adolescentes”, frisou o Comitê.
O estudo recomendou
também que os órgãos públicos acompanhem os professores regularmente, mapeiem
as escolas localizadas em territórios com maior concentração de homicídios e
abram as instituições educacionais durante os fins de semana para atividades
artísticas, esportivas e de lazer.
Armas de fogo
A pesquisa mostrou, com
base em relatórios da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS),
que 816 meninas e meninos de 10 a 19 anos foram assassinados no Ceará em 2015.
Deste total, 387 casos foram em Fortaleza.
Nos sete municípios
pesquisados pelas equipes do comitê foram totalizados 418 homicídios de
adolescentes. Foram 292 mortes em Fortaleza, 32 em Maracanaú, 28 em Caucaia, 24
em Juazeiro do Norte, 20 em Sobral, 13 em Horizonte e 9 no Eusébio. A média de
idade dessas vítimas é de 16,5 anos.
O Comitê informou que a
maioria dos assassinatos mapeados nestas localidades foram com uso de armas de
fogo. Em Horizonte, segundo a pesquisa, todos os jovens foram mortos com armas
de fogo. Na capital, este índice ficou em 94%.
Sobre o comitê
O Comitê Cearense pela
Prevenção de Homicídios na Adolescência da Assembleia Legislativa foi
desenvolvido em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU) para
apresentar medidas de combate à violência contra adolescentes no Ceará.
O documento apresentou 12
recomendações para políticas públicas com o objetivo de reduzir o assassinato
de jovens, que inclui apoio e proteção às famílias vítimas de violência;
ampliação da rede de programas e projetos sociais a adolescente vulnerável ao
homicídio; qualificação urbana dos territórios vulneráveis; busca ativa para
inclusão no sistema escolar; prevenção do contato precoce com drogas e mediação
de conflitos e proteção a ameaçados.
O relator do Comitê,
deputado Renato Roseno (Psol), avalia que as recomendações só podem ser postas
em prática se houver o apoio de todas as prefeituras. O parlamentar informa que
o Comitê realizou uma pesquisa com todos os processos policiais envolvendo
homicídios de adolescentes desde 2011. “A morte não pode ser tratada apenas
como estatística”, defende o deputado, antes de citar a história de vida de
alguns adolescentes que perderam a vida entre 12 e 17 anos.
Fonte: G1-CE