Em acusação contra a família
do craque e dirigentes, DIS pede à Justiça da Espanha que ele seja condenado a
cinco anos e fique sem jogar futebol durante esse período
A Justiça da Espanha
recebeu nesta quarta-feira a acusação formal por parte da DIS contra Neymar, a
família do craque e dirigentes de Santos e Barcelona por corrupção. Nela, o
fundo de investimento pede que o camisa 10 da Seleção seja condenado a cinco
anos de prisão e fique impossibilitado de jogar futebol durante esse período.
Já a promotoria requisitou dois anos de prisão e € 10 milhões (R$ 35,9 milhões)
de multa para o atacante brasileiro. A notícia vem a público horas antes de ele
ir a campo com o Barça para encarar o Celtic pela Liga dos Campeões - em jogo
na Escócia que o GloboEsporte.com transmite ao vivo a partir das 16h45.
Além disso, o fundo de
investimento quer uma indenização entre € 159 e € 195 milhões (R$ 571 a R$
700,3 milhões) por conta da transferência do jogador para o futebol espanhol em
2013. Os dirigentes do Barcelona também estão na mira da DIS, que pede oito
anos de prisão para o atual presidente do Barcelona, Josep María Bartomeu, e
seu antecessor no cargo, Sandro Rosell.
Procurado pela produção
da TV Globo, Altamiro Bezerra, CEO da NN Consultoria, disse que Neymar e
família estão tranquilos, pois este é um processo antigo que já havia sido
arquivado e que foi reaberto há um mês à pedido da DIS. Ele informou, ainda,
que não há nenhuma notificação da Justiça sobre o caso. Pouco depois, a empresa
divulgou uma nota oficial.
- Referente as notícias publicadas
nesta quarta-feira sobre as acusações contra Neymar Jr. e seu pai, Neymar da
Silva Santos, reiteramos que se trata do mesmo processo reaberto em setembro de
2016, que havia sido arquivado pelo juiz José de la Mata. As partes ainda não
foram notificadas e nem comunicadas sobre a abertura de acusação do Ministério
Público e no período certo irão apresentar a defesa. Continuamos tranquilos
porque todos os contratos foram firmados com respeito aos preceitos legais,
éticos e morais e com a ciência do Santos Futebol Clube e FC Barcelona.
Seguimos seguros que o tempo oferecerá todas as respostas positivas - disse a
NN Consultoria, empresa do pai do jogador.
A disputa judicial,
entretanto, não envolve apenas a DIS contra a família de Neymar e o Barcelona. Além
do fundo de investimento, que detinha 40% dos direitos do jogador à época da
transferência, a promotoria da Audiência Nacional (o equivalente ao Supremo
Tribunal da Espanha) também pediu a condenação tanto do craque brasileiro
quanto dos cartolas catalães. A pena, entretanto, é menor em ambos os casos: no
caso de Neymar e seu pai, dois anos; de Bartomeu e Rosell, cinco.
No início do mês, o juiz
José de la Mata aceitou a denúncia contra Neymar, seu pai e sua mãe, Nadine
Gonçalves, pouco mais de um mês após o Ministério Público da Espanha solicitar
a reabertura do caso - que havia sido arquivado da esfera criminal em julho. A
decisão do juiz espanhol abriu caminho para que o jogador seja levado a júri,
e, desde então, os promotores tinham o prazo de 10 dias para formalizar o
pedido de julgamento.
A quarta seção da
promotoria, que solicitou ao juiz José de la Mata a reabertura o caso em
setembro, entende que houve crimes de fraude e corrupção entre os envolvidos, o
que forçou a reabertura do processo criminalmente.
No processo com o fisco
espanhol, o Barcelona se declarou culpado e aceitou pagar a multa de € 5,5
milhões (R$ 19,75 milhões) por erro de planejamento fiscal na contratação de
Neymar em 2013. A decisão foi anunciada pelo presidente do clube, Josep Maria
Bartomeu, após ser aprovada por 14 conselheiros do clube durante uma reunião de
sete horas e meia (outros dois votaram contra, enquanto dois se abstiveram).
O grupo DIS, responsável
pela denúncia, alegava ter direito a receber 40% do valor total da
transferência, que, de acordo com a Audiência Nacional espanhola, alcançou os €
83,3 milhões (R$ 299,2 milhões nos valores atuais). A empresa, no entanto, só
recebeu a porcentagem dos € 17 milhões (R$ 61 milhões) pagos pelo Barcelona ao
Santos pela contratação do jogador. Por isso, entrou com a ação que levou pai e
filho ao tribunal, mas a Justiça da Espanha decidiu arquivá-la em julho.
À época do arquivamento,
o pai do craque, em tom de desabafo, disse que viveu um dos dias mais tristes
da vida ao comparecer à Audiência Nacional na Espanha, em fevereiro, e atacou a
empresa que moveu a ação.
- A essa altura todos
vocês já sabem do arquivamento do processo que um "grupo de
investimento" tentou mover contra minha família e minhas empresas na
Espanha. Não comemoro a vitória por não entender ser uma vitória. Durante todos
esses anos fazendo a gestão da carreira e da imagem de meu filho, entre tantos
acertos, admito ter cometido um erro ao me envolver, cedendo os direitos
econômicos do meu filho, com esse "grupo de investimentos" que tantos
prejuízos causou a minha casa e minhas empresas.
Fonte: G1