Bate-boca entre ministros do Supremo Tribunal Federal,
invasão da Câmara com ato a favor do retorno dos militares ao comando do Brasil
e protesto contra medidas austeras do governo do Rio contribuíram para a tensão
Um clima de tensão política e jurídica tomou conta de todo o dia de ontem no
País. Se por um lado dezenas de manifestantes invadiram o plenário da Câmara
dos Deputados, em Brasília, com palavras de ordem pedindo a volta dos militares
ao poder, por outro, no Rio de Janeiro, servidores protestavam contra medidas
polêmicas de austeridade do governo estadual. Além das mobilizações registradas nos
dois Estados, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes e
Ricardo Lewandowski, bateram boca durante sessão da Corte.
A tensão foi iniciada após Lewandowski afirmar que
Mendes já havia votado em um processo sobre contribuição previdenciária que
estava em julgamento e disse que o pedido de vista era “um pouco inusitado”. Na
discussão, Mendes citou a condução do processo de impeachment da ex-presidente
Dilma Rousseff, presidido no Senado por Lewandowski. Já o ex-presidente do STF
disse que o colega faltou com o “decoro”.
O clima instável no Legislativo e Judiciário acabou
gerando preocupação no Palácio do Planalto, que teme o aumento dos protestos
nas últimas semanas do final do ano. A ordem, agora, é monitorar esses
movimentos.
A equipe do presidente Michel Temer (PMDB) vai
trabalhar para identificar a organização do protesto em Brasília. O governo
federal também vai tentar “aliviar” o caixa do Rio de Janeiro para tentar
apaziguar os ânimos de servidores do Estado governado pelo correligionário Luiz
Fernando Pezão (PMDB).
Bancada cearense
Parlamentares cearenses na Câmara
condenaram a invasão ao parlamento que acabou deixando feridos após luta
corporal e danos ao patrimônio da Casa. “O fascismo quer voltar a fazer
história no Brasil. Foi uma manifestação que agrediu não só o parlamento, mas
agrediu a democracia brasileira”, declarou o deputado federal José Guimarães
(PT).
Segundo ele, “a manifestação explícita a favor da
volta dos militares é uma agressão a todos aqueles que lutaram pela democracia,
pelas liberdades de uma nação democrática”.
O deputado federal
Danilo Forte (PSB) também criticou a manifestação de ontem. “Ninguém pode
confundir democracia com anarquia, ninguém pode misturar proposta política com
vandalismo, ninguém pode querer uma democracia plena com atitudes fascistas”,
afirmou o parlamentar. (com agências)
Saiba mais
O coordenador da Força-Tarefa da Operação Lava
Jato, Deltan Dallagnol, usou as redes sociais ontem para colocar em dúvida a
implementação da medidas de combate à corrupção pela Câmara dos Deputados. Ele
diz que possíveis manobras poderiam “mudar os Deputados da Comissão que
votariam a favor das 10 Medidas contra a Corrupção”.
“Há rumores ainda de que haveria um substitutivo
que desfiguraria as 10 medidas, que seria apresentado por terceiro, apesar de
todo esforço do relator Onyx para manter e aperfeiçoar as propostas”, completa.
Fonte: O Povo online