quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Cerca de 23 mil pessoas aguardam cirurgia em Fortaleza

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Fernando Romão, 65, espera há três anos pela retirada da hérnia de disco que lhe faz doer as costas e prejudica o trabalho como eletricista. O soldador Francisco Luís Alves, 39, espera há um ano por transplante de rim. Doralice Viana, 39, que labuta “na roça, no Interior”, esperou três anos para conseguir consulta médica; espera há dois pela ressonância magnética necessária para tratar uma hérnia. Para acessar serviços de saúde como consultas, exames e cirurgias, pacientes de hospitais públicos de Fortaleza — entre municipais, estaduais e federais — se submetem a diferentes filas de cuja gerência é desalinhada e custosa, principalmente, pela descentralização do controle, a alta demanda e a frequente falta de material. Para entender a dimensão do problema, somente à espera de cirurgia na Capital existem, atualmente, cerca de 23 mil pessoas. Não se sabe ao certo quantos aguardam os outros serviços.
O entrave no acesso às cirurgias tem origem ainda no encontro entre médico e paciente, segundo Mozart Rolim, coordenador da Central de Regulação das Internações de Fortaleza (Crifor). “O médico te dá o diagnóstico, te coloca na fila e é ele quem vai fazendo ela andar”, explicou. Além da desorganização na gerência dos processos, outros obstáculos agravam a situação, como a significativa demanda do Interior e o insuficiente aporte do Sistema Único de Saúde (SUS).
Uma fila que consegue “andar relativamente mais rápido”, conforme Mozart, é a da espera por cirurgias oncológicas, dada a gravidade do estado do paciente e o maior financiamento do SUS.

Entretanto, as cirurgias mais requisitadas na Capital são as ortopédicas de média complexidade, como, por exemplo, a retirada de hérnia. “Quase 50% das filas são do HGF (Hospital Geral de Fortaleza)”, revelou o coordenador da Crifor, que contabilizou entre três e quatro mil a média mensal de cirurgias eletivas na Capital. “Com as de urgência, chega a sete mil”.
A gerência das filas
Conforme O POVO divulgou no último dia 29 de setembro, tem se discutido no Tribunal de Justiça Federal (TJF-CE) a possibilidade de atribuir a gerência de todas as filas de cirurgia em Fortaleza somente à Crifor.

 “A ideia é que a gente consiga acompanhar do momento em que se pede uma cirurgia até sua realização”, projeta Rolim. Se a centralização vai ser a única solução para sanar a espera por operações e repercutir nas outras filas, ele acredita que não, mas entende que “quando você consegue unificar e gerenciar, consegue aproveitar melhor o recurso”.
Em contrapartida, o Estado pretende constituir o próprio sistema unificado para “visualizar melhor essas filas”. No entanto, “devido a restrições financeiras”, conforme nota enviada pela Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), a medida não deve ser implantada antes de fevereiro de 2017.
“Nossos sistemas estão dando conta das urgências e emergências, as (cirurgias) eletivas precisam de ampliação”, admitiu Mozart.

Por enquanto, o termo de cooperação firmado entre Defensoria Pública, Governo do Estado e Município de Fortaleza abrange somente demandas por fraldas, medicamentos, consultas, exames e alimentação especial, mas o órgão recebe outras reclamações.
 Segundo o coordenador da Central de Regulação das Internações de Fortaleza (Crifor), números de pacientes em filas de espera podem ser confusos porque, às vezes, o mesmo paciente está em três hospitais diferentes à espera de cirurgia.

 Na semana passada, O POVO divulgou que a Defensoria Pública vistoriou o HGF para avaliar a situação da unidade diante das reclamações de demora no atendimento, tanto no que diz respeito às emergências quanto às urgências. Na ocasião, a defensora pública Silvana Feitoza chegou a dizer que os pacientes recorrem à Defensoria com a recomendação, “inclusive”, do hospital, para judicializar a causa.

 Em nota enviada pela assessoria de imprensa da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), o HGF prestou contas: “Atualmente, o hospital realiza, por mês, uma média de 600 cirurgias eletivas. Mensalmente, são cerca de 210 mil exames laboratoriais e mais de oito mil exames de imagens. São realizadas aproximadamente 24 mil consultas por mês”. Não informou, contudo, se chegou a suspender a realização de cirurgias eletivas nem disse o que tem feito para minimizar a espera por atendimento.

Fonte: O Povo online
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