Para cada aluno matriculado em
instituições públicas de ensino superior no Ceará, 2,04 estão inscritos em
estabelecimentos da rede privada. O dado, que se refere apenas a cursos
presenciais, compõe o Censo da Educação Superior 2015, divulgado pelo
Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais (Inep) ontem, em Brasília. De todos os estados do Brasil, conforme
o estudo, somente Paraíba, Tocantins e Rondônia têm mais estudantes na rede
pública do que na rede privada.
Associa-se à maior parte dos universitários brasileiros estar
matriculada em universidades, faculdades e centros educacionais privados o fato
de que, de todas as 2.364 instituições de educação superior (IES) do País,
87,5% são particulares e 12,5% são públicas. Apesar da alta oferta na rede
particular, houve redução de 6,1% no número de alunos ingressantes no sistema
de educação superior em 2015.
O diretor-executivo da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino
Superior (ABMES), Sólon Caldas, atribui o encolhimento a dois fatores:
restrição de acesso ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e aumento do
desemprego no Brasil. “Como o aluno da (faculdade) particular tem que arcar com
a mensalidade, ou ele tem que estar empregado ou tem que ter o financiamento.
Não aconteceram as duas coisas”.
Tal como na ocasião da divulgação dos resultados por escola do Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem) 2015, feita na última terça-feira, 4, o Governo
Federal aproveitou a apresentação dos números para reforçar a reforma do ensino
médio proposta pelo presidente Michel Temer. “A mudança terá um impacto direto
nos indicadores do ensino superior”, garantiu o ministro da Educação, Mendonça
Filho.
Tendência
De acordo com Sólon Caldas, a rede privada de
ensino superior tende a continuar crescendo de forma mais acelerada do que a
pública, o que contribui para a democratização do acesso a cursos de graduação.
“No passado, o número de IES era muito menor, só uma camada mais privilegiada
da sociedade tinha condições de estudar”, lembra.
Felipe Marinho, 19, escolheu cursar Direito numa faculdade particular de
Fortaleza mesmo sendo desejo da mãe que ele seguisse a trajetória dela e
estudasse em universidade pública. “Eu ouvia relatos de que (na pública)
professor não tinha tanto compromisso com os alunos e que a estrutura não tinha
tanta qualidade como na particular”, compartilha. Com o passar do primeiro ano
acadêmico, segundo ele, a mãe aprovou a escolha.
Para Caldas, a rede pública de ensino superior teve crescimento
significativo ao longo dos anos, mas limitado. “Não adianta crescer em número.
Tem que crescer num padrão que atenda à demanda numa qualidade aceitável. Tem
que dar condições e infraestrutura que, às vezes, não se dá”, analisa.
Números
87,5% das instituições de
educação superior do Brasil são particulares
Saiba mais
A Universidade da Integração
Internacional da Lusofonia Afro-brasileira
(Unilab), localizada no município de Redenção, no Ceará, é a segunda do Brasil
com maior número de estudantes estrangeiros, conforme o Censo da Educação
Superior 2015.
As 195 universidades existentes no
Brasil equivalem a 8,2% do total de IES (2.364).
Mais mulheres do que homens
ingressam, se matriculam e concluem
a universidade.
30,4% das matrículas presenciais na rede
federal de ensino superior estão no Nordeste.
Universitários estudam mais à noite 62,1%
das matrículas de educação superior de graduação são para o período noturno,
enquanto 37,9% são para o período diurno.
Direito, administração e pedagogia são os três maiores
cursos de graduação em número de matrículas no Brasil. Direito é o maior entre
os homens e Pedagogia é o maior entre as mulheres.
A procura por
cursos de graduação a
distância cresceu 3,9% de 2014 para 2015. A maior parte desses cursos (90,8%) é
ofertada pela rede privada, bem como a maioria das matrículas é para
licenciaturas (40,5%).
Fonte: O Povo online