Em período eleitoral, nada mais importante para crianças do que
ensinar para que serve a eleição e como os adultos exercem a democracia. Foi
com essa intenção que o colégio Carlos Lobo, em Maracanaú, na
Região Metropolitana de Fortaleza, idealizou um projeto bem inovador.
Com o objetivo de promover a inclusão
democrática e difundir os requisitos necessários para um processo eleitoral, a
escola realizou uma eleição fictícia para prefeito no qual os candidatos e
eleitores eram os próprios alunos.
Mas para ficar o mais parecido
possível com as eleições tradicionais, era preciso adotar o ícone principal: a
urna. Para isso, a instituição buscou o professor Sandro Jucá, do Instituto Federal do
Ceará (IFCE). Com o auxílio dos bolsistas do curso de Bacharelado em
Ciência da Computação Manuel Arthur e Hericson Araújo, os
pesquisadores criaram uma urna eletrônica feita de materiais
recicláveis.
Assim como na tradicional, os votos deveriam ser computados. E foi assim
que surgiu a novidade. Utilizando uma tecnologia de software livre com
componentes eletrônicos, o professor e os alunos criaram um sistema que computa
os votos em tempo real.
“O processo funciona da seguinte
forma: urna eletrônica registra o voto do eleitor em um banco de dados local.
Em seguida, a aplicação web pega estes dados e os salva em um banco de dados
online”, explicou Sandro, que é o coordenador do projeto.
Conforme o professor, o
projeto levou um mês para ser concluído e o resultado de toda a eleição é
visto em tempo real. Os resultados são exibidos num site pré-definido. Assim
que o aluno ou eleitor vota, o resultado do voto já fica na internet. Existe um
chip, semelhante ao utilizado no cartão de crédito, que leva o voto para um
banco de dados e registra.
“O resultado é visto imediatamente na
internet. Então, elimina aquele processo do TRE de apuração de votos pós
eleições”, conta.
Conforme Sandro, o objetivo da nova
urna vai além de ensinar a cidadania nas escolas. “A intenção desse projeto é
chamar a atenção das crianças para a tecnologia e passar a mensagem de que você
pode criar o que precisar usando o que tem”, destaca o coordenador do projeto.
Ainda de acordo com Sandro, o custo de
uma urna reciclável sairia mais de 100 vezes mais barato que a tradicional.
“Nós gastamos cerca de R$ 300 para produzir essa urna. Uma comum custa em média
R$ 100 mil. O problema é a parte comercial, ou seja, a licença do projeto,
o sistema, a produção, etc. O custo de um projeto não é só o material. As
pessoas pensam que pagam pelo material e pronto, e não é bem assim”, disse.
O coordenador conclui que caso fosse
adotada em uma eleição tradicional a urna necessitaria de um sistema de
segurança mais complexo. “O nosso sistema requer todo um estudo de segurança.
Existem outras aplicações que custam dinheiro que falta em nosso sistema. Para
eleição básica o sistema, como na qual utilizamos, vale. Mas se for uma eleição
séria, o projeto precisaria de um sistema de segurança mais complexo, que não
consideramos devido as circunstância de ser um projeto piloto numa eleição
fictícia. Contudo, nada impede que ela seja adotada, caso possua um sistema de
segurança bem feito”, conclui o coordenador do projeto.
Fonte: Tribuna do Ceará