Newton Ishii cumpre pena
por facilitar entrada de contrabando no país.
Segundo a PF, não há
impedimento para que ele faça atividades externas.
O policial federal Newton
Ishii, conhecido como japonês da Federal, voltou a fazer atividades externas da
Polícia Federal (PF). Condenado a 4 anos e 2 meses por facilitar a entrada de
contrabando no país e monitorado por uma tornozeleira eletrônica, o japonês foi
visto recentemente fazendo a escolta de presos da Lava Jato como o
ex-presidente da OAS Léo Pinheiro e pecuaristaJosé Carlos Bumlai, nesta segunda
(5) e terça-feira (6).
Ishii cumpre a pena no
regime semiaberto harmonizado, ou seja, deve ficar em casa entre 23h e 5h
durante a semana e está impedido de sair nos fins de semana. No dia em que
colocou a tornozeleira, a PF havia dito que ele continuaria atuando na
Superintendência, mas em um cargo interno.
Contudo, nesta terça, a
PF disse ao G1 que como Newton continua atuando na corporação, nada impede que
ele também faça trabalhos ou atividades externas. Sobre a escolta de Bumlai, em
especial, ele precisou substituir um funcionário que faltou.
A decisão da Justiça
também impede que o japonês da Federal saia de Curitiba e Região Metropolitana
sem a prévia autorização.
A medida alternativa foi
adotada, segundo a juíza Luciani de Lourdes Tesserolli Maronezi, em virtude da
falta de vagas no sistema penitenciário para o cumprimento do regime semiaberto
tradicional.
Além disso, conforme a
decisão, o réu é primário, não cometeu crime mediante violência ou ameaça grave
e não possui outro fato que desabone a conduta do agente. O monitoramento
ocorrerá até 21/10/2016, quando deverá ser revisto o regime.
Quando Ishii foi
condenado, em 2009, ele era aposentado e, portanto, a Justiça não fez nenhuma
determinação relacionada a trabalho. Depois da condenação, o Tribunal de Contas
da União (TCU) considerou a aposentadoria dele irregular por causa da contagem
de tempo de serviço.
A prisão
Newton Ishii foi preso no
dia 7 de junho. O mandado foi expedido pela Vara de Execução Penal da Justiça
Federal, em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, em virtude da Operação Sucuri,
que descobriu envolvimento de agentes na entrada de contrabando no país pela
fronteira.
Ao saber da decisão,
Ishii se apresentou espontaneamente na Superintendência da Polícia Federal da
capital paranaense. No dia 8 de junho, ele foi levado para o Centro de
Operações Policiais Especiais (Cope), da Polícia Civil.
Citado na Lava Jato
O nome de Newton Ishii
foi citado em meio à Operação Lava Jato na gravação que levou à prisão o
senador cassado Delcídio Amaral, em Brasília.
No áudio, o senador fazia
tratativas com o chefe de gabinete dele, Diogo Ferreira, o advogado Edson
Ribeiro e o filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, Bernardo, buscando
um plano de fuga para Cerveró, que estava preso na carceragem da Polícia
Federal em Curitiba.
O agente é citado durante
a conversa quando o grupo discute quem estaria vazando informações para
revistas. Delcídio se refere a um policial como "japonês bonzinho",
que seria o responsável pela carceragem.
A Polícia Federal disse,
na ocasião, que iria apurar se o nome citado na conversa era o do agente.
Fama
Com a deflagração da
Operação Lava Jato, o agente passou a ser conhecido em todo o Brasil. A cada
fase da operação nestes mais de dois anos, Newton Ishii aparecia ao lado
empreiteiros, operadores financeiros, políticos e funcionários públicos que
eram presos.
A fama se expandiu pelo
Brasil se tornando, inclusive, tema da marchinha de carnaval. Ele também foi
inspiração para um boneco do tradicional carnaval de Olinda. Veja um trecho.
"Ai meu Deus, me dei
mal
Bateu a minha porta
O japonês da Federal
Dormia o sono dos justos
Raia o dia, eram quase 6h
Escutei um barulhão,
Avistei o camburão
A minha porta o japonês,
então, falou
Vem pra cá, você ganhou
uma viagem ao Paraná"
A marcha foi escrita pelo
advogado e compositor Thiago Vasconcelos de Souza.
Fonte: G1-CE