Com o fim da quadra chuvosa no mês de junho, ficou constatado mais um
ano de estiagem
no Ceará. Como o período seco se estende até janeiro de 2017, as
atenções se voltam para o abastecimento do Estado, e a situação dos
reservatórios.
De acordo com
o meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme), Davi Ferran, poucas chuvas
atingiram regiões onde os principais reservatórios se encontram. O pior cenário
foi na Região do Cariri, que tem média de 622 milímetros, mas choveu apenas 176
milímetros esse ano. Na outra ponta, a região que apresentou a maior quantidade
de chuvas foi os Inhamuns, com 510 milímetros, acima da média registrada, que é
de 503 milímetros.
A situação não
é favorável para os próximos meses, já que poucas precipitações são registradas
no período seco.
“Nesse ano de
2016, até o momento, a chuva está 30% abaixo da média histórica. Esse seria o
quinto ano com chuvas significativamente abaixo da média. Essa sequência de
anos com chuva abaixo da média histórica faz com que não haja recarga
suficiente nos reservatórios do Estado. Nós estamos na estação seca, terá muito
pouca chuva. Se acontecer, serão chuvas que não terão significância do ponto de
vista dos reservatórios de água”, afirma Davi Ferran.
Recursos hídricos
A soma da capacidade de todos os 153 açudes
monitorados pela Companhia de Recursos Hídricos (Cogerh) está em 11%, o que
acendeu o sinal de atenção. De acordo com o secretário estadual dos Recursos
Hídricos, Francisco Teixeira, a instalação de adutoras e a
perfuração de poços continuam como alternativas para garantir água à população.
A expectativa do secretário é de que, até o final do ano, 1300 poços tenham
sido perfurados no Estado.
“As ações estão sendo tomadas, umas em caráter
estruturante, outras emergenciais e outros que têm até um caráter emergencial,
mas que ficam como estruturante. A gente tem tido o cuidado de aproveitar as
ações emergenciais e já implementar ações estruturantes”, ressalta o
secretário.
O baixo nível dos reservatórios também afeta a
economia do Ceará. No Castanhão, por exemplo, onde os produtores
utilizam a água do açude para a criação de tilápias, as perdas já chegam a 1500
toneladas somente este ano. De acordo com o prefeito de Jaguaribara, Francini
Guedes, as dívidas dos produtores se multiplicam diariamente.
“Temos que ter a preocupação lá em função dessa
baixa muito grande do Castanhão. Jaguaribara teve um problema sério que foi na
piscicultura. Ano passado morreram 3 milhões de quilos de peixe. Esse ano, já
foram 1,5 milhão”, pontua o prefeito.
Funceme
A Funceme prevê que, em 2017, o Ceará não tenha
muita influência do fenômeno el niño, o que possibilita uma maior
quantidade de chuvas.
Para o mês de agosto, o Governo do Estado vai
priorizar medidas para garantir o abastecimento das cidades de Apuiarés,
Araripe, Boa Viagem, Catunda, Deputado Irapuan Pinheiro, Iracema, Mulungu,
Pedra Branca, Pereiro e Tamboril.
Fonte: Tribuna do Ceará