A proporção de mulheres candidatas nas eleições municipais do Ceará não evoluiu nos últimos quatros anos.
Em 2016, nos 184 municípios, considerando todos os cargos (prefeito,
vice-prefeito e vereador), somente 30,95% dos postulantes são do sexo feminino.
Em 2012, a proporção foi um pouco maior, 31,7%, considerando que o total de
candidaturas no estado também foi superior.
De acordo com informações do Tribunal
Regional Eleitoral (TRE-CE),
foram inscritos para as eleições deste ano 14.591 candidatos, dos quais 4.516
são mulheres e 10.075 são homens. O sexo masculino domina a disputa, com 69,05%
de representatividade.
“A gente tem visto nesses dois últimos
anos uma maior força das mulheres, tentando ter voz, se posicionar, mas a
política institucional ainda não é vista como um lugar favorável às mulheres,
onde elas se sintam confortáveis e pertencentes a esse lugar”, pontua a
socióloga e membro do Laboratório de Estudos de Política, Eleições e Mídia da
Universidade Federal do Ceará (UFC), Paula Vieira.
A chamada Lei
das Eleições (n° 9504)
assegura, desde 1997, que cada partido ou coligação preencha o mínimo de 30% e
o máximo de 70% das vagas para candidaturas de cada sexo. Não fosse a obrigação
partidária, o índice de participação das mulheres poderia ser menor.
Dos 33 partidos que lançaram candidatura nas eleições, apenas 19 atingiram
a porcentagem mínima definida por lei: PCdoB, PHS, PMB, PPL, PPS, Pros, PRP,
PRTB, PSB, PSC, PSL, Psol, PSTU, PT, PTdoB, PTB, PTC, PTN e PV. Os outros ainda
tentam regularizar a situação.
O Partido da Mulher Brasileira (PMDB) tem a maior proporção, 48,30%
dos candidatos, com 156 candidatas. A situação mais crítica é a do PCB, com
apenas uma mulher, a candidata a vice-prefeita em Fortaleza, na chapa com o
Psol, Raquel Lima. No total, o PCB tem apenas sete candidatos.
“As mulheres na política institucional
são menos vistas, não ocupam muitas posições importantes, não são lembradas
como primeiro nome. Não é porque não haja qualidade das mulheres; mas, sim,
porque não abrem espaço para isso”, ressalta Vieira. Ela destaca que o perfil
das mulheres que participa da política representa uma continuidade familiar de
inserção no meio.
Para a socióloga, falta sentimento de
identidade entre as mulheres para que se sintam representadas por pessoas do
mesmo sexo. “A entrada na política é mais uma continuação dos homens do que
necessariamente uma inserção das mulheres”, destaca.
Segundo o TRE-CE, Em todo o Estado,
dos 506 candidatos a prefeito, 430 são do sexo masculino (84,98%) e apenas 76
são mulheres (15,02%). Para o cargo de vereador, dos 13.574 candidatos que entraram
com o pedido de registro, 9.248 são homens (68,13%) e 4.326 do sexo feminino
(31,87%). No cargo de vice-prefeito, existem 511 pedidos – 114 mulheres
(22,31%) e 397 homens (77,69%).
Baixio é o município onde a relação
dos candidatos por sexo mais se equilibra. Dos 25 candidatos registrados no
Sistema Cand, em todos os cargos, 12 são mulheres (48%) e 13 homens (52%).
Em Fortaleza, dos 1.117 candidatos que
pediram o registro para os cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador, 338
são mulheres (30,25%) e 779 homens (69,75%).
Nas eleições de 2012, na capital,
apenas sete mulheres foram eleitas para mandato na Câmara Municipal.
Fonte: Tribuna do Ceará