"Não podemos descartar no futuro”,
afirmou ministro da Fazenda.
O ministro da
Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta quarta-feira (24) que aumento
impostos de forma transitória pode ser necessário, apesar de não estar em
discussão no momento .
"Não podemos descartar no futuro”, acrescentou, ao falar na Comissão
Especial sobre Novo Regime Fiscal, na Câmara dos Deputados.
O ministro destacou que os pobres são os mais
prejudicados com a crise econômica que “atinge as pessoas de renda mais baixa”.
Ele voltou a dizer também que o governo não pode resolver o problema do déficit
e da dívida simplesmente por meio de aumento de impostos porque a carga
tributária já cresceu muito nos últimos anos e está entre as mais altas do
mundo.
Segundo o ministro, o maior problema econômico do país é
interno, provocado pelo descontrole fiscal e que levou o país a enfrentar a
maior crise de sua história. Ele voltou a criticar, entre outras coisas, as
“políticas de expansão fiscal e de desonerações seletivas”. Destacou que a
recuperação da confiança na estabilidade da dívida pública será
importante para a recuperação da economia com redução das taxas de juros, entre
outras consequências.
O ministro disse
que, com as medidas fiscais que o governo pretende adotar, haverá aumento da
confiança, da retomada do investimento privado, do crescimento da economia, com
o aumento do emprego e da renda, queda de juros e mais recursos para
investimento e consumo. Regras de melhor controle de gastos estimulam melhores
padrões de gastos, conforme padrões internacionais, afirmou.
Saúde e educação
Sobre a saúde e
educação, Meirelles disse que as vinculações como existem hoje nem sempre são
eficientes. Segundo ele, a atual regra não protege esses setores em momento de
crise. “Estamos propondo uma regra estável do piso para valer para saúde e
educação”, informou. Isso porque a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) só
altera a fórmula de cálculo do limite mínimo de gastos e não obriga a qualquer
redução.
Meirelles está participando hoje de audiência pública na
Comissão Especial sobre Novo Regime Fiscal, na Câmara dos Deputados, em
Brasília. Ele está acompanhado do ministro interino do Planejamento,
Desenvolvimento e Gestão, Dyogo Oliveira. O novo regime estabelece um teto para
o crescimento das despesas públicas, limitado à inflação do ano anterior.
A proposta está em fase de aprimoramento entre técnicos do
Congresso Nacional, do Ministério da Fazenda e o relator deputado Darcísio
Perondi (PMDB-RS), para que se chegue a um texto-base final que seja submetido
à votação. A expectativa é que a matéria seja votada entre o fim do mês de
outubro e começo de novembro.
Ontem (23), durante encontro com membros da Comissão Especial
sobre Novo Regime Fiscal no Ministério da Fazenda, o ministro Henrique
Meirelles defendeu a reforma como fundamental para estabelecer a confiança da
sociedade brasileira de que as contas estão sob controle e o governo
brasileiro, no futuro, será solvente.
Orçamento de 2017
Meirelles informou também que o teto para os gastos públicos
já será utilizado como diretriz no Orçamento de 2017. O governo tem até o dia
31 de agosto para enviar ao Congresso Nacional o Projeto de Lei Orçamentária
Anual (PLOA) do ano que vem. O governo federal procurou ainda tranquilizar a
sociedade dizendo que não aumentará impostos este ano e em 2017 para alcançar a
meta fiscal. O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, reconhece que a
sociedade brasileira não tem mais como arcar com aumentos da carga tributária.
A audiência está sendo realizada horas após o Congresso
Nacional aprovar apenas o texto-base da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
de 2017, que limita gastos do governo. A proposta autoriza o governo federal a
fechar o ano com um déficit primário de R$ 143,1 bilhões e prevê um crescimento
de 1,2% no Produto Interno Bruto (PIB).
A LDO estabelece metas e prioridades para o exercício
financeiro seguinte e orienta a elaboração do Orçamento. Houve uma nova
tentativa, ainda na Câmara dos Deputados, para concluir a votação do projeto de
lei que renegocia a dívida dos estados com a União.
Ajustes fiscais e combate à
inflação
No último relatório de inflação, os técnicos do Banco Central
destacaram que, entre outras medidas, a continuidade do avanço no combate à inflação
depende de ajustes na economia brasileira, principalmente, nas contas públicas.
De acordo com o relatório, a literatura e as melhores
práticas internacionais indicam que uma política fiscal consistente e
sustentável contribui para reduzir as expectativas de inflação de forma que o
processo de desinflação seja mais rápido e menos custoso. O BC divulga
mensalmente a situação do endividamento dos estados e municípios na internet.
Projeções do Mercado
Na segunda-feira (22), o Banco Central (BC) divulgou o
relatório Focus, que mostra uma melhora no humor dos analistas e investidores.
Segundo os números das instituições financeiras consultadas pelo BC, a projeção
de crescimento da economia brasileira em 2017 passou de 1,1% para 1,2%. Para
2016, a projeção de queda do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens
e serviços produzidos no país, permanece em 3,2%.
No caso da inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA), o indicador foi mantido em 7,31% este ano, e caiu de
5,14% para 5,12%, em 2017. As estimativas estão distantes do centro da meta de
inflação de 4,5%. Para 2016, a projeção ultrapassa também o limite superior da
meta que é 6,5%. O teto da meta em 2017 é 6%.
Fonte:
Jornal do Brasil.