Em 23 anos,
esta é a primeira vez que o volume médio dos 153 reservatórios de água
monitorados do Ceará tem percentual menor do que 10%, chegando a 9,66%. Ontem,
de acordo com o Portal Hidrológico do Estado, o Castanhão, que abastece
Fortaleza e Região Metropolitana (RMF), estava com 6,99% da capacidade total.
Das 11 ações
de contingência para a seca definidas pelo Governo, cinco já estão em
andamento, uma terá início em setembro, uma tem prazo de seis meses e as outras
devem ser concretizadas em outubro.
De acordo com o presidente da
Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), João Lúcio, o aporte médio
nos 23 anos de monitoramento dos reservatórios é de 4 bilhões de metros cúbicos
de água. Este ano, foram 733 milhões. “Nunca havíamos chegado a esse nível.
Estamos focando no abastecimento humano para que possamos atravessar mais este
ano”, indicou.
Entre as ações preventivas, que
tiveram como base previsões da Funceme, destaca-se a preservação dos açudes
Maranguapinho e Orós. O primeiro está com 80% da capacidade, citou João Lúcio.
“Ele chegou a sangrar duas vezes e nós reservamos a água para ser usada no
momento mais difícil”, explicou. O reservatório passará a abastecer Maranguape,
na RMF, que atualmente recebe água do Gavião.
Para 2017, conforme o presidente da
Cogerh, a expectativa é de que o Castanhão e o Orós, que somam hoje cerca de
900 milhões de metros cúbicos de água, consigam dar conta do abastecimento.
“Nosso plano é passar este momento com reservas que cheguem até a quadra
chuvosa do ano que vem”, destacou. Cálculos considerando os consumos
residencial, industrial e das atividades agropecuárias teriam garantido essa
projeção.
Entre as ações de contingência, João
Lúcio citou o reuso das águas de lavagem dos filtros da Estação de Tratamento
de Água (ETA) Gavião. A transposição do rio São Francisco também faz parte das
ações que poderão dar fôlego ao abastecimento frente à estiagem cearense. “O
prazo de dezembro ou janeiro (para que a água chegue ao Ceará) está mantido”,
citou. Conforme O POVO publicou no último sábado, 27, o Ministério da
Integração diz que a transposição será finalizada em dezembro próximo.
Conforme dados do portal, 62 açudes
estão com volume inferior a 30%. Entre as 12 bacias hidrográficas, os piores
percentuais de volume são: Baixo Jaguaribe (0%), Sertões de Crateús (2,05%),
Curu (2,29%), Banabuiú (2,45%) e Acaraú (4,04%).
2017
Para o professor do Departamento de Engenharia
Hidráulica e Ambiental da UFC, Francisco de Assis Sousa Filho, o abastecimento
em 2017 será uma “loteria”. “Precisamos de um inverno fabuloso, porque todos os
pequenos açudes, que alimentam os grandes, estão secos”, citou. A previsão, ele
diz, é de que Castanhão e Orós cheguem, em meados de abril, a aproximadamente
500 milhões de metros cúbicos de água.
Ele avaliou
ainda que a infraestrutura de recursos hídricos, a gestão e as políticas de
segurança social estão mitigando os efeitos da seca. Mas alerta sobre a
retirada de água em aquíferos ou infiltrada no solo dos reservatórios. “Se
passa um período mais prolongado, pode haver dificuldade de continuar suprindo,
porque o estoque vai diminuir”, ponderou.
Saiba
mais
Ações
anunciadas no plano de contingência:
- Reforço de combate às perdas
- Poços em equipamentos públicos e áreas
críticas
- Perfuração de poços no Pecém
- Aproveitamento do sistema hídrico do
Cauípe
- Aproveitamento do açude
Maranguapinho
- Sistema de reuso das águas de lavagem
dos filtros da ETA Gavião
- Implantação
do sistema de captação pressurizada do Gavião
- Adutora de água tratada para Aquiraz
- Revisão da Tarifa de Contingência
- Redução de 20% da oferta de água para
a indústria da Grande Fortaleza
- Plano de Comunicação
Fonte: O POVO Online