terça-feira, 23 de agosto de 2016

Após 3 anos no programa Mais Médicos, cubano destaca mudanças no sertão do Ceará

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Se pudesse definir a população do município de Reriutaba, localizada a 309 quilômetros de Fortaleza, certamente o médico cubano Isidro Rosales Castro,  52 anos, utilizaria o termo “filhos adotivos”.
Há exatos três anos, ele e sua esposa, Esperanza Anabel, 51 anos, chegaram ao Brasil através do Programa Mais Médicos. Longe da família e de amigos, os profissionais da saúde encontraram na população humilde do interior do Ceará uma nova estrutura familiar.
Morando a mais de 5 mil quilômetros de Cuba, os profissionais encontraram o apoio afetivo e a necessidade de fazer um trabalho magnífico. O trabalho de segunda a sexta-feira, oito horas por dia, é ofertado à população prioritária, como idosos, acamados e incapacitados. Além disso, Isidro também tira um tempo para auxiliar o atendimento dos quase 20 mil habitantes do município.
Motivado pela vontade de transformar a realidade do município, através do amor pela medicina, Isidro garante que os desafios na chegada ao Brasil foram enormes. “O primeiro dia que cheguei ao Brasil realmente foi muito tenso por causa do processo de adaptação, que ficou marcado pela aproximação com a equipe de saúde e com a população. Quando chegamos, tivemos que passar um bom tempo conhecendo as principais doenças das pessoas e os motivos. Foi um momento trabalhoso”, destacou Isidro.
Mas essa não foi a única dificuldade que o casal encontrou. “O idioma foi um grande problema no início. Porém, hoje, nos comunicamos com facilidade. Não podemos falar que falamos como os brasileiros, mas somos compreendidos e compreendemos com perfeição o que todos falam”, explicou o médico.
Diferenças
Além do novo idioma, os médicos também tiveram que se adaptar à nova cultura, costumes, músicas, danças e até às comidas. Mas em relação às condições de saúde pública do Ceará, Isidro destaca que tudo melhorou muito desde que pisou no Ceará.
Acho que mudou muita coisa desde que cheguei ao Brasil. Começando pela cobertura de médico por habitante. Aqui onde trabalho, os indicadores de mortalidade infantil mostram que chegou a zero no momento. O acesso da população aos serviços de saúde também ganhou um novo destaque. Claro que precisa melhorar, mas em relação a 2013, o serviço de atendimento básico está mais diversificado”, destacou.
Quando perguntado sobre as principais diferenças entre o serviço ofertado no Brasil e em Cuba, o médico ressaltou a ampla assistência gratuita do seu país. “A principal diferença é que no meu país a saúde é gratuita e obrigatória. E no Brasil, não é assim. Apesar de ter o SUS, que dá ampla cobertura, também há a medicina privada, tendo em vista que o SUS não tem recursos para resolver determinadas necessidades”, contou.
Preconceito
No início do projeto, exatamente há três anos, a onda de preconceitos, segundo os profissionais estrangeiros, foi enorme. No entanto, Isidro esclarece que tudo não passou de uma informação mal repassada.
“Considero que o preconceito do início com os médicos estrangeiros fora por desconhecimento de nossa potencialidade como profissionais da saúde. Embora nós termos demonstrado que a nossa vinda seria para ajudar onde mais se precisava. Só queríamos prestar nossos serviços em função de salvar e preservar vidas humanas”.
Depois de todo esse tempo de convivência, a relação com os profissionais brasileiros não podia estar melhor. “Temos as melhores relações possíveis com os médicos brasileiros. Respeitamos o trabalho de cada um que, por sinal, consideramos muito profissional, e eles respeitam o nosso. E isso é o que permite uma boa harmonia de trabalho e convivência com todos”, concluiu.
O retorno
Voltando para Cuba apenas uma vez por ano, a saudade da família parece apertar cada vez mais com a proximidade do fim do período de contrato, que deve ser encerrado em 2017. Segundo Isidro, sua esposa teve que voltar para o país devido a doenças, o que lhe fez encarar a rotina sozinho.
“A saudade dos filhos e da família sempre é grande, porém mantemos comunicação estável, e isto ajuda a matar essa saudade. Em breve, terminará o meu contrato e poderei estar novamente ao lado da minha filha. E aí sim resolver por definitivo essa saudade, que muitas vezes aperta o peito e faz derramar algumas lágrimas”, confessa.
Sobre o Mais Médicos
Os profissionais recebem bolsa de formação e ajuda de custo pago pelo Ministério da Saúde. No Ceará, 154 municípios contam com médicos do programa. As cidades ficam responsáveis por garantir alimentação e moradia. Conforme previsto no programa Mais Médicos, os médicos são selecionados para atuar durante três anos. Nesse período, os profissionais formados no exterior terão registro profissional emitido pelo Ministério da Saúde, que lhes dará o direito de atuar exclusivamente na atenção básica.


Fonte: Tribuna do Ceará
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