Na tentativa de
evitar o racionamento de água em Fortaleza e na Região Metropolitana, o Governo
do Ceará anunciará hoje ações de segurança hídrica, que serão desenvolvidas em
2016 e 2017. A redução de pressão no fornecimento de água, cogitada
inicialmente, ainda não deverá ocorrer. Outras iniciativas, apresentadas em
reunião com diferentes setores da sociedade, ontem, deverão ser executadas.
Algumas são a transferência de água entre municípios, perfuração de mais poços
e aplicação de uma nova meta de 20% em redução de consumo, mediante tarifa de
contingência. O
POVO apurou que quatro principais motivos levaram o Governo a recuar da decisão
de racionamento: a possibilidade de desperdício na rede, a oneração que traria
à população de baixa renda, o estímulo a mais uso da água (com possíveis
reservas em excesso) e a questão do sistema de distribuição (em caso de
pressurização modificada, exigiria logística complexa para evitar problemas hidráulicos
graves). Dez pontos serão alternativa ao racionamento.
O POVO apurou que um deles poderá ser a redução de
produção na termoelétrica do Pecém. A medida é vista de forma negativa pelo
setor industrial, que também deverá ter a meta de 20% de redução no consumo.
“Estamos contando com o Pecém para mudar o panorama econômico do Ceará e agora
cortar essa produção será uma medida muito dura”, avaliou o presidente do
Centro Industrial do Ceará (CIC), José Dias.
A implantação da nova tarifa de contingência — a
primeira, que previa redução de 10% no consumo foi aplicada em dezembro de 2015
— deverá ocorrer em pelo menos 40 dias, afirma a procuradora de Justiça, Sheila
Pitombeira. Ela destacou a necessidade de transparência dessa majoração e a
importância de informar à população com antecedência. “Nos Comitês de Bacias,
alguns precisarão ceder água a outros. Isso precisa ser negociado. Não está
havendo racionamento oficial, mas as pessoas devem se comportar como se estivesse”.
Sistema de
distribuição
Em junho, o titular da Secretaria
dos Recursos Hídricos do Estado (SRH), Francisco Teixeira, afirmou que haveria
redução de pressão em Fortaleza. “Temos uma rede que não é nova e qualquer
mudança de pressão tem de sofrer estudo aprofundado”, opinou o presidente do
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará (Crea-CE), João César de
Freitas Pinheiro. Vazamentos e quebra de estrutura condutora são alguns dos
prejuízos que poderiam ser gerados pela mudança na distribuição.
Saiba mais
Conforme O POVO apurou,
o Estado conta com a chegada das águas do São Francisco em janeiro de 2017. O
efeito no abastecimento só deverá ser sentido no segundo semestre.
Cerca de 20
poços deverão ser perfurados em Caucaia para tentar abastecer o Porto do Pecém.
Pelo menos 17
entidades participaram da reunião de ontem com o governador Camilo Santana.
Fonte: O Povo online