O ex-aluno do colégio Ari de Sá cursa Engenharia da Computação, está
fazendo intercâmbio pelo Ciências Sem Fronteiras e foi uma dos dois brasileiros
selecionados para participar de um estágio na Agência Espacial Norte-Americana (Nasa),
em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB), desde junho.
Gabriel
Militão Vinhas Lopes nasceu em Rio Claro, no estado de São Paulo, aos 8 anos se
mudou com a família para Fortaleza. Aos 11 anos, Gabriel decidiu participar da
Olimpíada Brasileira de Matemática. Foi quando, como ele diz, tomou gosto pela
matéria.
Nos próximos
seis anos, ele continuou participando de diversas olimpíadas, de matemática e
de informática, algumas ganhando medalhas de ouro, outras de bronze e prata. Ao
todo, foram 19. “Fiz grandes amigos nas viagens das olimpíadas, era
sempre bom reencontrá-los”, afirma o estudante.
Quando
concluiu o ensino médio, foi aprovado no curso de Engenharia da Computação na
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo. Mais tarde, ingressou
no programa Ciências Sem Fronteiras e
foi aprovado na Universidade de Cornell, em Nova York (EUA).
Mesmo
estudando fora, Gabriel tem boas lembranças de Fortaleza. “Lembro das amizades
que levo até hoje e da educação de excelência, marca registrada da cidade”.
Participando
do Ciências Sem Fronteiras nos Estados Unidos, foi possível Gabriel se
inscrever no Estágio de Verão 2016 Nasa I-2. Em fevereiro, todos os alunos do
programa receberam um email do edital de até 5 vagas para o estágio. Na
primeira etapa, seriam selecionados 5 alunos para a próxima fase.
O estudante de
Engenharia da Computação se inscreveu sem esperança, pois segundo ele a
concorrência era grande e com pessoas muito qualificadas. Então, para a
surpresa dele, no dia 26 de fevereiro, saiu o resultado com 15 alunos
pré-selecionados para a segunda fase.
Ele conta que decidiram selecionar três vezes mais candidatos
pelo alto nível dos concorrentes. Gabriel acredita que o que
determinou sua seleção foi seu trabalho de iniciação científica que realizou na
faculdade e por seus resultados nas olimpíadas.
Na segunda
etapa, os candidatos tinham que mandar uma série de documentos, como histórico
da universidade, currículo, carta de recomendação e uma carta de motivação. Ele
disse que foi bem corrido conseguir tudo em pouco tempo, mas não é difícil
achar motivação para um estágio na Nasa. No dia 20 de abril, o resultado foi
divulgado.
Gabriel relata
que, quando soube que foi aprovado, foi uma situação curiosa, pois estava na
aula e não pode comemorar, ficou muito feliz, mas teve que se conter. “Só dei
um abraço nos meus amigos e tentei me concentrar”.
O principal desafio do estudante nos
Estados Unidos foi cultural, pois as pessoas são muito educadas e receptivas, mas muito mais
fechadas que no Brasil. Depois teve que se adaptar ao sistema da universidade
americana, que as matérias possuem menos aulas, mas é preciso uma dedicação
maior fora da sala de aula.
Já na Nasa, o
maior desafio foi a burocracia e a adaptação a rotina de trabalho em um projeto
completamente multidisciplinar e com colegas de trabalho de diversos lugares.
Gabriel está em um projeto que busca criar um aplicativo
para terremotos. Ele está trabalhando com uma teoria de um cientista da
Nasa, de que eventos que antecedem terremotos podem ser detectados na
superfície para prever terremotos. O jovem analisa dados do campo magnético da
terra para criar um algoritmo que possa determinar com horas de antecedência se
um terremoto vai acontecer ou não.
“A experiência
de trabalhar em um projeto cientificamente complexo e ao mesmo tempo com um
gigantesco potencial de impacto na vida das pessoas certamente irá me ajudar a
resolver outros problemas no futuro”.
Gabriel volta
para o Brasil em agosto para terminar sua graduação e deseja ficar para
contribuir com o desenvolvimento tecnológico e científico do país.
Fonte: Tribuna do Ceará