O histórico inédito e original da pluviometria hídrica da região do
distrito de Baú, comunidade do município de Iguatu, a 400 quilômetros de
Fortaleza, tem um arquivo bastante curioso. Sem constar nos sistemas
eletrônicos da Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme), nem nos
computadores da secretaria municipal de Agricultura, os registros históricos
estão num simples pedaço de papel.
Aos 95 anos,
Maria Zenalda Alves Nogueira guarda há 40 anos em um caderno as informações das
precipitações que caíram na região desde 1975. De lá para cá, a cearense anota
religiosamente as informações das precipitações. Após todo esse tempo de
anotações, Dona Maria recebeu o título de Guardiã, por
guardar todos os registros de chuva do distrito.
Em entrevista
à Rádio
Jangadeiro FM, a idosa explicou que o interesse pelo assunto se deu
após ganhar um pluviômetro de seu filho João Nicédio, engenheiro agrônomo e
hoje presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras. Por isso, a
guardiã dos dados das chuvas do Baú lembra que antes da chegada da telefonia
móvel na localidade, ela informava as quantidades de chuvas à Funceme em
boletins mensais que eram enviados pelos Correios.
“Foi por causa
do meu filho que trouxe um pluviômetro pra cá e me deixou pra anotar. Ele
sempre gosta dessas novidades e até hoje deu certo. Virou um boletim, mandava
mensalmente pelo correio para a Funceme. Assim que
termina a chuva, eu encaminho logo pra sair no jornal”, disse.
termina a chuva, eu encaminho logo pra sair no jornal”, disse.
De acordo com os registros de Dona Maria, chuvas
acima de mil milímetros aconteceram nos anos 80. Como por
exemplo, o ano de 1985, de inverno abundante, quando choveu no Baú 1.711 mm. Lá
também está o registro da maior chuva caída em toda história do distrito de
Baú, no dia 26 de março de 1987, de 143 mm.
Os registros
de Zenalda revelam dados curiosos das quadras invernosas. Durante cinco anos,
de 1984 a 1989, o distrito de Baú registrou invernos fortes. À medida que se
faz a leitura dos dados, é comum se deparar com a curiosidade das informações.
Em 2005, quando choveu apenas 392 mm na região, um ano antes, em 2004 havia
chovido 1.327 mm. Na diferença de uma estação chuvosa para outra, choveu três
vezes menos.
O caderno não
é simplesmente um bloco de anotações. É um registro histórico de dados pluviométricos.
Nessa época, as lagoas não secavam, diferentemente dos dias atuais, em que o
Estado encara o seu 5º ano consecutivo de seca.
“Antigamente
as pessoas plantavam arroz, e hoje já não é a mesma coisa. O ano que choveu
menos foi quase 400 milímetros, mas agora tá difícil”, relatou.
Fonte: Tribuna do Ceará