Brasil tem 18 milhões de turistas religiosos domésticos, segundo dados
do Ministério do Turismo. Esse número é três vezes superior ao volume de 6
milhões que visitam o Vaticano, por ano. Desse total, 30 mil pessoas
são estrangeiras. No Brasil, são 334 municípios que contam com o Turismo
Religioso como fonte de recursos. No Ceará, dois se destacam: Juazeiro do Norte
e Canindé.
Em São Paulo, pela cidade de Aparecida do Norte, anualmente, passam
pela Basília, cerca de dez milhões de visitantes que gastam, em média, R$
1.200, o equivalente a R$ 12 bilhões por ano. Em Juazeiro do Norte, entre os
anos de 2000 e 2013 (último dado disponível) o PIB avançou 579,5% (a
preços correntes). Já a economia brasileira cresceu 329%.
Juazeiro recebe o equivalente a oito vezes a população local, de
300 mil habitantes. Cerca de 2,5 milhões de pessoas invadem a cidade para pedir
e agradecer os milagres atendidos por Padre Cícero Romão, o que equivale a
quase 7.000 pessoas por dia. A maior parte do fluxo é concentrada nas épocas de
romaria: ao todo, são quatro ocasiões no ano em que Juazeiro para por cerca de
cinco dias.
A prefeitura estima que essas pessoas deixem, só no comércio, R$ 375
milhões por ano, ou R$ 150 por visita. Além dos comerciantes locais,
muitos vendedores chegam de outras partes do Nordeste para tentar faturar no
período das romarias. A prefeitura calcula que 3.000 ambulantes circulem pela
cidade nesses dias.
Figura controversa, o grande motor de
toda essa romaria, o Padre Cícero Romão Batista, teve seu perdão e reabilitação
aprovado pela Igreja Católica. Ele foi afastado após um episódio, em 1889,
conhecido como “milagre da hóstia”. Na ocasião, a hóstia dada à beata Maria de
Araújo virou sangue na boca da devota. Anos mais tarde ele foi expulso e morreu
sem o perdão. Mesmo com essa decisão, o “Padim Ciço” continuou a ser
venerado como o Santo do Povo, ou o Santo do Nordeste, tradição que
sobrevive até hoje e move milhões de romeiros em busca de fé e esperança de
dias melhores.
Fonte: Ceará Agora