Os motoristas de Uber, aplicativo que oferece serviço de transporte a
preços acessíveis, faturam em média R$ 6,8 mil por mês em Fortaleza. A
plataforma digital não emprega pessoas formalmente, mas exige qualidade e, em
troca, remunera bem. Os ganhos atraem condutores e até profissionais de
outras áreas, como funcionários públicos, corretores de imóveis e
jornalistas.
O Tribuna
do Ceará conversou com
motoristas que utilizam a ferramenta, que chegou à capital cearense no dia 29
de abril desse ano. Os rendimentos líquidos dos condutores, por semana, variam
de R$ 905 a R$ 1.720, já descontada a porcentagem de 25% da receita total de
renda com as viagens que
fica com o Uber. Detalhe: alguns deles trabalham apenas quatro dias.
Em um
levantamento feito pelo Tribuna do Ceará, a renda média por
semana dos sete motoristas pesquisados é de R$ 1.705, o que equivale a R$ 6.820
por mês. Retirando a taxa do Uber, o ganho mensal fica em R$ 5.115.
Os meses pesquisados foram maio e junho.
Aos 25 anos, o
instrutor de auto-escola, que pediu para não ser identificado, encontrou na
plataforma uma alternativa para driblar a crise. Desempregado, resolveu se
cadastrar no aplicativo cerca de cinco dias após a chegada do Uber a Fortaleza.
Pelo horário flexível e a grande demanda do serviço na cidade, ele afirma não
se arrepender da decisão.
“Não ter
horário fixo é um dos principais pontos. Antes, no contracheque que recebia da
auto-escola, eu ganhava de R$ 1.400 a R$ 1.600, já incluindo toda a hora extra
e as duas horas de almoço. Eu trabalhava de segunda a sexta, das 7h40 às 19h40,
e aos sábados das 7h40 às 11h40”.
Com o cadastro
no Uber, o salário mensal pulou para R$
6.268,84, trabalhando de
quatro a seis dias por semana. Com a retirada da taxa de 25% que fica com a
empresa, o instrutor recebeu, apenas no mês de maio, R$ 4.701,63. Como todos os
pagamentos das corridas são feitos pelo aplicativo, o motorista recebe o
dinheiro da empresa uma vez por semana.
“Tem dias que
faço 15 viagens e já fecho a minha meta diária e pessoal de R$ 200 a R$ 220.
Outros dias, preciso fazer 20 viagens para garantir esse valor. Vale a pena
demais ser motorista do Uber”. Nos dias em que trabalha, apesar da
flexibilidade de horários, o instrutor opta por atuar no expediente das 8h às
18h. Segundo disse, a demanda é tão grande, que não dá para
ficar muito tempo ocioso. “Eu deixo uma pessoa em um determinado local e já
aceito outra viagem no aplicativo, é muito rápido”.
Gastos com combustível, água e bombom
E os gastos
com combustível nem chegam aos pés do faturamento dos motoristas. Em Fortaleza,
eles desembolsam de R$ 250 a R$ 350 por semana, em casos de veículos a álcool
ou gasolina, o que representa de R$ 1.000 a R$ 1.400 por mês. “Muitos carros
Uber usam o gás natural como combustível e já diminui bastante esse gasto”.
Em relação à
água e aos bombons oferecidos durante as viagens, o condutor afirma que muitos
passageiros não aceitam. Então, precisa adquirir pouca quantidade. “Eu compro
uma caixa com 48 unidades de copinhos de água por R$ 18. Mês passado, comprei
duas caixas e ainda tenho água aqui. Ou seja, não necessariamente você gasta
uma caixa de água por mês. Sobre os caramelos que ofereço, compro um pacote de
R$ 5, que dura uns 20 dias”, estima.
Após uma viagem no Uber, tanto motorista quanto passageiro devem avaliar
o serviço. Finalizada a corrida, o cliente pode dar até cinco estrelas ao
condutor. As notas são essenciais para evitar possíveis suspensões do condutor
e ainda possibilitar a participação em incentivos semanais ofertados pela
empresa. “Boas avaliações servem para que fiquemos ativos, evitando suspensões. Avaliação
menor de 4,7 por semana vira suspensão”.
Já os
incentivos semanais, de acordo com o instrutor, referem-se aos valores pagos
por hora. “Por exemplo, se em uma hora, das 8h às 9h, eu fizer duas viagens, e
o total delas for apenas R$ 15, a empresa vai lá e completa o valor, que pode
ser de R$ 25 a R$ 40, a depender do incentivo da semana”. Os estímulos são
dados para que os condutores fiquem mais horas online.
Em Fortaleza,
de acordo com o motorista, funcionários públicos, corretores de imóveis,
jornalistas, policiais, estudantes universitários e até taxistas optaram por
trabalhar no Uber para garantir uma renda extra. A assessoria de imprensa do
aplicativo, porém, não informa quantos motoristas possui em
Fortaleza. “Alguns taxistas antigos
abandonaram o táxi e
passaram para o Uber. A grande maioria é homem, mas também há mulheres atuando.
Temos um grupo no Whatsapp com 180 pessoas. Delas, cinco são mulheres”.
Fonte : Tribuna do Ceará