Nos dias 5 e 6 de novembro, será realizado o Enem.
Professores dialogam se mudanças na gestão educacional do País podem repercutir
nas provas
Faltam cinco meses para o
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2016. Diferentemente de anos
anteriores quando, neste período, já circulavam no País especulações sobre
temas e questões com maior probabilidade de abordagem na prova a discussão fervilha,
hoje, sobre o futuro da avaliação. A mudança na gestão educacional do País após
o afastamento de Dilma Rousseff (PT) e a chegada de Mendonça Filho (DEM) ao
Ministério da Educação (MEC) pode influenciar na estrutura e até mesmo na
continuidade do Enem?
Em
meio a dúvidas, professores que acompanham o exame projetam perfis para as
provas. “Como o tema é elaborado por instituições envolvidas com o Governo
(Federal), não acredito que vá ser polêmico”, afirma a professora de Redação
dos colégios Master e Antares, Nelândia Teodoro. Segundo ela, a avaliação
sempre atravessou conjunturas políticas efervescentes, mas manteve o costume de
adotar, na proposta, assuntos atemporais.
Apesar da tendência, que não
descarta estímulo ao acirramento de ideias, no ano passado os candidatos foram
surpreendidos com uma questão na prova de Ciências Humanas que tomou como base
texto da escritora francesa Simone de Beauvoir, conhecida como uma das
precursoras do movimento feminista. E na prova de Redação foi proposta
argumentação sobre violência contra a mulher. Para a nova edição, Nelândia
prospecta assunto mais neutro, relacionado ao eixo científico ou ao de
comunicações. “Regulação da mídia, meio ambiente”, exemplifica.
Também descartando polêmicas,
mas apostando em temáticas sociais “leves”, o professor de Redação do colégio
Darwin, Marcos Blaque, acredita que provavelmente, este ano, seja pensado tema
com somente uma forma de interpretação. “Diminui notas zero e fortalece o
posicionamento crítico”, confia.
Mônica Serafim, professora do
Departamento de Língua Portuguesa/Letras Vernáculas da Universidade Federal do
Ceará (UFC), defende, ao contrário, que a mudança de gestão do MEC, bem como do
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), que elabora o
Enem, não deve interferir, politicamente, na avaliação. Tanto que, na contramão
dos outros professores, ela arrisca “discussões relacionadas a honestidade. Não
amplas, pelo cenário político, mas circunscritas”.
Gestão educacional
O ministro da Educação, Mendonça Filho, já fez
críticas tanto ao modelo de avaliação do Enem, quanto ao Fundo de Financiamento
Estudantil (Fies) e ao Programa Universidade para Todos (Prouni).
Mesmo
assim, a recém-nomeada secretária-executiva do MEC, Maria Helena Guimarães de
Castro (PSDB), afirmou à imprensa, sobre o Enem, que “não terá nenhuma mudança
no conteúdo da prova, nem mesmo no edital”. Em coletiva para a imprensa no dia
30 de maio, Mendonça reforçou: “nada será alterado”.
Saiba mais
No fim de abril, quando
ainda se votava pela abertura do processo de impeachment da presidente afastada
Dilma Rousseff (PT), o pastor Silas Malafaia alertou o então vice-presidente
Michel Temer (PMDB) para tomar “cuidado” na escolha do novo ministro da
Educação. Na época, Malafaia teria dito a Temer que se preocupa com a
“ideologia de gênero”, por exemplo, aliada à educação.
Escolhida para a
presidência do Inep, Maria Inês Fini (PSDB) participou da criação e da
implementação do Enem tal como era o exame antes de, por meio do ex-ministro da
Educação Fernando Haddad (PT), passar a ser principal porta de entrada para a
universidade.
A professora de
Redação Nelândia Teodoro lembra aos candidatos para o Enem que sempre é
possível abordar temas relacionados a quatro eixos: comportamental, social,
cultural e científico.
Fonte: O
Povo