Em 15 mortes foi confirmada a relação da
microcefalia com o vírus da zika.
Outras 12 mortes de bebês continuam em
investigação.
De outubro de 2015 a 9 de maio de 2016, o Ceará
confirmou 90 casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso,
sugestivos de infecção congênita, de acordo com informe epidemiológico do
Ministério da Saúde divulgado nesta quarta-feira (11).
Do total de bebês com a malformação craniana, 27
morreram; destes, 15 óbitos ocorreram em consequência da microcefalia ou
alteração do sistema nervoso central após o parto ou durante a gestação. Outras
12 mortes continuam em investigação.
No período, foram notificados 478 casos suspeitos
desde o início das investigações, em outubro de 2015, sendo que 231 permanecem
sob investigação. Outros 157 foram descartados por apresentarem exames normais,
ou por apresentarem microcefalia e ou malformações confirmadas por causa não
infecciosas ou não se enquadrarem na definição de caso.
Brasil
Em todo o país, já são 1.326 confirmados de
microcefalia até o dia 7 de maio. Os casos confirmados ocorreram em 484
municípios, em 25 unidades da federação. No Brasil, foram confirmados 56 óbitos
positivos para microcefalia e/ou alteração do sistema nervoso central após o
parto ou durante a gestação (abortamento ou natimorto). Outros 174 continuam em
investigação.
De acordo com o Ministério da Saúde, esses dados
não representam – adequadamente – a totalidade do número de casos relacionados
ao vírus. A pasta considera que houve infecção pelo Zika na maior parte das
mães que tiveram bebês com diagnóstico final de microcefalia.
O Ministério da Saúde ressalta que investiga todos
os casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso central,
informados pelos estados, e a possível relação com o vírus Zika e outras
infecções congênitas. A microcefalia pode ter como causa, diversos agentes
infecciosos além do Zika, como Sífilis, Toxoplasmose, Outros Agentes
Infecciosos, Rubéola, Citomegalovírus e Herpes Viral.
As gestantes estão sendo orientadas a adotarem
medidas que possam reduzir a presença do mosquito Aedes aegypti, com a
eliminação de criadouros, e proteger-se da exposição de mosquitos, como manter
portas e janelas fechadas ou teladas, usar calça e camisa de manga comprida e
utilizar repelentes permitidos para gestantes.
Microcefalia
A microcefalia é uma condição rara em que o bebê
nasce com um crânio de um tamanho menor do que o normal – com perímetro
inferior ou igual a 32 centímetros (até este ano o Ministério da Saúde adotava
33 cm, mas a medida foi alterada de acordo com parâmetros da Organização
Mundial da Saúde). A condição normal é de que o crânio tenha um perímetro de
pelo menos 34 centímetros. Essas medidas, no entanto, valem apenas para bebês
nascidos após nove meses de gestação, e não são referência para prematuros.
Na maior parte dos casos, a microcefalia é causada
por infecções adquiridas pelas gestantes, especialmente no primeiro trimestre
de gravidez – que é quando o cérebro do bebê está sendo formado. De acordo com
os especialistas, outros possíveis causadores da microcefalia são o consumo
excessivo de álcool e drogas ao longo da gestação e o desenvolvimento de
síndromes genéticas, como a síndrome de Down.
Pesquisas
Pesquisadores brasileiros descobriram que o agente
infeccioso que se espalhou pelo Brasil é resultado de uma mutação que criou um
tipo novo de vírus muito mais perigoso e que ataca as células dos cérebros dos
bebês. Segundo eles, esse é uma vírus diferente do que foi identificado em
Uganda, na África, em 1947.
"Foram mutações que tornou o vírus zika capaz
de entrar no sistema nervoso central das pessoas com mais facilidade. O vírus
africano infecta e destrói logo a célula. O nosso vírus opera a diferenciação
da célula". explica Amílcar Tanuri, virologista e pesquisados da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Assim, a infecção impede que as células troco virem
neurônios, que são as células do cérebro. Sem a multiplicação dos neurônios, o
cérebro dos bebês não cresce, mostra a pesquisa.
Fonte: G1-CE