sábado, 29 de agosto de 2015

42% dos presos em flagrante foram soltos em audiências de custódia

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Desde a última sexta-feira, 63 pessoas foram submetidas às audiências na Capital. Destas, somente 34 ficaram presas. Promotores reclamam que traficantes estão sendo %u201Csoltos%u201D pela Justiça
Lançado há uma semana em Fortaleza, o projeto Audiência de Custódia já foi colocado em prática 63 vezes. Deste total, 34 sessões terminaram com as prisões em flagrante convertidas em prisões preventivas. Todos os demais suspeitos (42,8% dos casos) foram submetidos a medidas cautelares e livrados do encarceramento. Entretanto, algumas decisões provocaram polêmica, causando conflito, até mesmo, no âmbito do Judiciário.
Foi o caso de duas pessoas autuadas em flagrante por tráfico de drogas e associação para o tráfico, na quinta-feira da semana passada, no bairro Castelão. Presos com seis quilos de cocaína e um quilo de crack (parte da droga já acondicionada para venda), eles foram submetidos à audiência somente na última quarta-feira, seis dias após a prisão.
A microempresária Gardênia Silva Lima, de 30 anos, e o taxista José Wilson Oliveira Gonçalves, 35, foram ouvidos pela juíza titular da Vara de Audiências de Custódia, Marlúcia de Araújo Bezerra. Ao invés do encarceramento, eles receberam medidas cautelares substitutivas à prisão, como o pagamento de fiança no valor de R$ 7.880,00 e o monitoramento por tornozeleiras eletrônicas.


A decisão causou indignação nos promotores do Ministério Público do Ceará (MPCE), que recorreram da decisão na 1ª Vara de Crimes de Drogas. Em menos de 24 horas, o caso foi revisto e o juiz Ernani Pires determinou a prisão preventiva dos suspeitos.


“A Constituição Federal estabelece que o crime de tráfico de entorpecentes é inafiançável. Nem o juiz pode dar fiança nesses casos. Não há brecha e ou exceção. A impressão que fica, na minha opinião e dos colegas com quem converso, é que eles querem evitar que as pessoas sejam levadas ao sistema penal”, afirmou o titular da 1ª Promotoria de Tráfico de Drogas, promotor David Oliveira.


Prisões
O caso em questão ocorreu no último dia 20, quando os suspeitos foram presos numa pequena empresa de confecções, que funciona na residência de Gardênia, onde Wilson teria ido buscar uma encomenda. Após denúncia, agentes da Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (DCTD) e da Coordenadoria de Inteligência (Coin) da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) foram até o local e efetuaram as prisões.

Na casa, foram apreendidos, além da cocaína e do crack, três balanças de precisão, seis potes de bicarbonato de sódio (que costuma ser misturado às drogas), cinco aparelhos celulares e R$ 368 em cédulas de valores diversos. De acordo com os promotores de Justiça, no varejo, o valor da quantidade de drogas apreendidas pode chegar a mais de R$ 300 mil.
O que diz a lei


Constituição Federal de 1988
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:


XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.
Como funciona


O projeto Audiências de Custódia consiste na apresentação da pessoa autuada em flagrante a um juiz no prazo máximo de 24 horas. Antes, o trâmite levava cerca de seis meses. Porém, a medida ainda não está sendo cumprida a rigor pela Vara de Audiências de Custódia, que ainda passa por adaptações.


O novo método foi lançado no Ceará no ultimo dia 21, em cerimônia que teve a presença do ministro presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Ricardo Lewandowski.


O principal objetivo é evitar eventuais casos de tortura e coação para a confissão de crimes, permitindo que magistrados decidam sobre a real necessidade de encarceramento. Porém, como pano de fundo, o projeto também anseia reduzir o total de detentos do Ceará.
Saiba mais


A juíza Marlúcia Bezerra determinou que, ao invés da prisão preventiva, os dois suspeitos fossem monitorados por tornozeleiras eletrônicas. Eles ainda pagariam fiança de R$ 7.880, equivalente a dez salários mínimos.


Os suspeitos deveriam comparecer, uma vez por mês, durante 24 meses, à Central de Alternativas Penais, no Centro. Os dois também estariam obrigados a ficar em casa, todos os dias, das 20h às 6 horas, e proibidos de manter qualquer tipo de contato com pessoas que respondam à ação penal por crime relacionado ao tráfico de drogas ou que fossem usuários destas. A medida, contudo, foi suspensa por outro magistrado, que determinou os encarceramentos.

Fonte: O Povo 
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