Soma inclui desvios de caixa-dois, uso de laranjas e dinheiro da Operação Zelotes.
Pelo menos R$ 200 bilhões em impostos deixaram de ser pagos
ao governo 2015, segundo o site Sonegômetro,
que faz uma estimativa do quanto o país perde com sonegações por ano. A
campanha, organizada pelo Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda
Nacional (Sinprofaz) inclui também os desvios de dinheiro deflagrados pela
Operação Zelotes, além de prejuízos com "laranjas" e caixa dois.
Quantia corresponde a 25% do que já foi pago pelos brasileiros em impostos de
janeiro a maio.
Com painel instalado no Largo da Carioca, no Centro do Rio
de Janeiro nesta quinta e sexta-feiras (21 e 22), a campanha passa por diversas
capitais alertando para os males que o desvio de impostos pode causar ao país.
Apenas os valoresdeste
ano, ressalta Heráclio Camargo, presidente da Sinprofaz, já somam mais que o
dobro do que o governo pretende arrecadar com o projeto do ajuste fiscal, que
gira em torno de R$ 80 bilhões.
Apenas a Operação Zelotes, deflagrada no
início deste ano pela Polícia Federal, foi responsável por desviar 10% deste
valor, com estimativas de sonegações em torno de R$ 19 bilhões. "Com
certeza uma parte dos desvios (da Zelotes) está computado na estimativa.
Entretanto, o crime é resultado de anos de sonegação, e devem ter feito parte
das outras edições do Sonegômetro, que existe desde 2013", afirma
Heráclio.
Os criadores do indicador enfrentam uma dificuldade
constante de mensurar valores subtraídos através de crimes fiscais, mas
utilizam de elaborada metodologia para que a estimativa seja a mais precisa. Os
especialistas utilizam de dados de contas bancárias, pesquisas de orçamento domiciliar
e comportamento do contribuinte, além de métodos indiretos como estimativas
sobre a economia informal. Mesmo com esses valores, "o estudo trata-se de
uma estimativa conservadora", explica o presidente da Sinprofaz. No ano
passado, o valor sonegado apontado pelo site atingiu a marca de R$ 502 bilhões.
Comparado com outro site de medição, o
Impostômetro, que aponta a quantidade de impostos pagos pelos brasileiros
anualmente, o valor sonegado corresponde a 25% das contribuições arrecadas em
2015 (cerca de R$ 800 bilhões).
R$ 160 bi escoados com a lavagem de
dinheiro
O sindicato revela que, dos R$ 200
bilhões registrados pelo Sonegômetro, do início do ano até agora, 160 bilhões
foram escoados com as operações de lavagem de dinheiro. Por isso, ao lado
do Sonegômetro, também está posicionada a Lavanderia Brasil, peça
publicitária em formato de uma máquina de lavar gigante, que simboliza os
valores sonegados com artifícios da lavagem de dinheiro no país.
O objetivo do ato público é chamar a
atenção da população para a falta de investimentos na carreira dos procuradores
da Fazenda Nacional, responsável pela recuperação dos tributos federais e
combate à sonegação fiscal. Com a recuperação desses valores para os cofres
públicos, essa atividade dos procuradores poderia evitar, por exemplo, os
aumentos reiterados de impostos que recaem sobre a população brasileira. “O
investimento na Procuradoria Geral da Fazenda da União (PGFN) traz um retorno
imediato ao governo e à sociedade. O órgão devolve aos cofres públicos 20
reais para cara real investido na procuradoria”, afirma o presidente do
Sinprofaz, Heráclio Camargo.
20 bilhões recuperados em 2014
Só em 2014 foram recuperados mais de 20
bilhões pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), com base na perícia
e na capacidade de trabalho dos procuradores.
“Acreditamos que dobrando o orçamento da
Procuradoria da Fazenda Nacional, reverteríamos muito mais dezenas de bilhões
de reais para os cofres públicos, evitando o corte de direitos trabalhistas,
sociais, a elevação dos combustíveis e as novas ameaças de elevação de
tributos”, destaca Heráclio Camargo.
Procuradores entregam 319 pedidos de
exoneração na AGU e PGFN
Com o objetivo combater, mais
efetivamente, a sonegação e a corrupção na seara tributária e exigir melhores
condições de trabalho, os procuradores da Fazenda Nacional entregaram, nesta
quinta-feira (21), 319 pedidos de exoneração dos cargos de chefia ocupados até
então. Ao todo, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) conta com 340
cargos de confiança.
Além desta decisão que foi tomada em assembleia na última
segunda-feira (18), outros 1553 procuradores da Fazenda Nacional já assumiram
compromissos de não assumirem esses cargos que ficarão vagos. Com isso, a
adesão atinge quase 90% de adesão da carreira.