A Polícia investiga
imagens de um vídeo encontrado em um celular, em poder de um detento, em que um
preso aparece vestido de mulher sendo constrangido e obrigado a dançar,
supostamente dentro de uma cela da Delegacia da cidade de Canindé, a 115 km de
Fortaleza. As informações são da TV Verdes Mares.
No vídeo, o homem
aparece com o rosto machucado, além de estar com os cabelos e as sobrancelhas
raspadas. Uma voz diz ao homem: "Bote a mãozinha, dance, vai. Você está se
balançando. Não, é pra dançar".
Na sequência, alguém
coloca um pequeno objeto próximo ao homem, enquanto o torturador ordena para
que o preso dance. "Fica na garrafa", manda.
O homem, de
identidade preservada, responde a processo por participação no homicídio de uma
mulher. O vídeo foi enviado à Ordem dos Advogados do Brasil secção Ceará
(OAB-CE), que enviou representantes à Delegacia, na última quinta-feira (16).
Constrangimento
Os representantes da
OAB ouviram o preso e constataram que houve prejuízo psicológico ao homem, que
teria até tentado suicídio por conta das ações. "Constatamos que realmente
houve o dano à pessoa do preso, que se sente absolutamente constrangido em
disponibilizar as informações, mas existem provas materiais da gravidade do
problema", afirmou a ouvidora da OAB, Wanha Rocha.
A Polícia Civil
instaurou o Inquérito Policial de número 5282014 para investigar os envolvidos
na tortura ao preso. Segundo o delegado titular, Amando Albuquerque Silva, o
constrangimento teria sido realizado pelos outros presos. O aparelho celular
que teria sido utilizado para gravar o vídeo foi apreendido em uma das celas.
De acordo com o delegado, o trabalho policial na captura do homem foi
dificultoso e deixou o preso sem as roupas que usava.
"Ele resistiu à
prisão, deu trabalho. Quando chegou à Delegacia, estava com as roupas todas
sujas e rasgadas. A única vestimenta que havia era uma feminina. Os outros
presos passaram a fazer chacota dele", disse. Já na Delegacia, surgiu a
informação de que o homem teria abusado sexualmente da vítima antes de cometer
o homicídio.
"Os presos o
tomaram como estuprador, mas ele não é. Foi feito exame de corpo de delito e
deu negativo. Nosso maior temor era que ele tivesse sido molestado sexualmente
pelos demais presos, mas exames comprovaram que ele está ileso".
Vistoria
Ao tomar conhecimento
do vídeo, o delegado realizou vistorias na Delegacia e localizou o celular com
um detento, "que já foi liberado pela Justiça".
A Delegacia está
localizada ao lado da Cadeia Pública e foi interditada no mês de abril, sendo
proibido o ingresso de presos. No local, 34 presos dividem duas celas. O
diretor da comissão de direito penitenciário da OAB, Carlos Alberto Macedo,
esteve na Delegacia e constatou que há presos há mais de um ano recolhidos nos
xadrezes. "A passagem de qualquer preso pela Delegacia tem que ser
momentânea. A Delegacia de Polícia Civil é Judiciária. O trabalho dela é de
investigação, ela não tem competência Constitucional nem Legal para cuidar de
preso", afirmou.
Fonte: Camocim Polícia
24hrs.