A censura ao nosso documentário
“Helicoca – O Helicóptero de 50 milhões de reais”, retirado arbitrariamente do
YouTube, repercutiu no site americano Global Voices Advocacy, mantido por organizações
dedicadas a proteger a liberdade de expressão e o “acesso à informação online”.
A matéria cita
também o caso da jornalista Ana Paula Freitas, que teve um vídeo removido por
causa de uma reclamação de direitos autorais por um certo George Scalvini. As
imagens mostravam uma cena do reality show “A Fazenda” em que uma mulher bêbada
tenta convencer a amiga a sair da piscina, onde nada pelada. O título é “Quando
eu descubro que meus amigos vão votar no Aécio Neves”.
A suspeita de envolvimento de Aécio nos dois episódios se
deve, segundo a reportagem, “às várias tentativas de calar as críticas” pelas
quais ele é conhecido.
O George Scalvini de Ana Paula é primo do nosso Jorge
Scalvini. Em comum, o fato de que nenhum deles existe. São perfis fakes. Alguém
entra com um nome falso, o Google acata a denúncia (chama-se “notice and
takedown”) e cabe à vítima provar sua inocência.
A intenção das pessoas que estão por trás dessas manobras é
não deixar rastros. Só que deixam e nós estamos chegando perto delas.
O YouTube acatou nossa defesa e liberou o “Helicoca” depois
de duas semanas. Um email assinado pelo departamento jurídico avisa o seguinte:
“Nós determinamos que o pedido de retirada de direitos autorais que recebemos
para essas URLs era inválido.”
Ali está a profissão alegada de Scalvini: “cinegrafista”. A
violação de copyright: “meus trabalhos de arte”. Trecho violado do conteúdo:
“vídeo inteiro”.
O farsante teve de garantir: “Eu atesto em boa fé que: eu sou
o dono, ou um agente autorizado em nome do proprietário de um direito exclusivo
que supostamente está sendo infringido. Eu tenho crença de boa fé que o
uso do material da forma reclamada não está autorizado pelo proprietário dos
direitos autorais, seu agente ou pela lei. Esta notificação é exata.
Reconheço que pode haver consequências legais adversas para
fazer alegações falsas ou de má-fé de violação de direitos autorais usando este
processo. Eu entendo que o abuso deste instrumento resultará no
cancelamento de minha conta do YouTube.
Assinatura
Autorizada: Jorge Scalvini”,
O endereço que deu é Av. Pres. Vargas, 132, em Belém. O
telefone é 91 4009-2501. O número não atende. O local indicado é o de um
hotel. Ligamos para lá e, claro, ninguém nunca ouviu falar de Jorge Scalvini.
O escritório de advocacia que nos representa está pedindo ao
Google o IP de onde partiu a reivindicação mentirosa de direitos autorais. Esse
estelionato teve o mérito de tornar conhecidos os meios pelos quais o pessoal
opera. Acabou também fazendo com que várias cópias do “Helicoca” fossem
produzidas e inundassem a rede.
E agora o original voltou a voar por aí. Está com 159 mil
visualizações. Assista comigo no replay:
Fonte: Diário do Centro do Mundo.